terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Há pouco mais de um ano, conheci uma canção de uma linda e jovem compositora pernambucana, Flaira Ferro. A canção, "Me cura de mim", é surpreendentemente bonita e profunda e me ajudou a mergulhar no espírito Natalino, já que nesta época do ano costuma-se fazer reflexões sobre a vida. Para mim que sou cristã, o Natal vai além das comemorações e reuniões em família. É uma enorme oportunidade de me examinar à luz de Cristo, adentrar nas minhas misérias e me enxergar de fato como sou ou como estou, permitir que Ele me ajude a ter coragem de conhecer-me um pouco mais intimamente. Assim, é possível que Ele possa verdadeiramente nascer no meu coração, na minha vida. A letra da canção diz assim: 

Sou a maldade em crise
Tendo que reconhecer
As fraquezas de um lado
Que nem todo mundo vê
Fiz em mim uma faxina e
Encontrei no meu umbigo
O meu próprio inimigo
Que adoece na rotina
Eu quero me curar de mim
O ser humano é esquisito
Armadilha de si mesmo
Fala de amor bonito
E aponta o erro alheio
Vim ao mundo em um só corpo
Esse de um metro e sessenta
Devo a ele estar atenta
Não posso mudar o outro
Eu quero me curar de mim
Vou pequena e pianinho
Fazer minhas orações
Eu me rendo da vaidade
Que destrói as relações
Pra me encher do que importa
Preciso me esvaziar
Minhas feras encarar
Me reconhecer hipócrita
Sou má, sou mentirosa
Vaidosa e invejosa
Sou mesquinha, grão de areia
Boba e preconceituosa
Sou carente, amostrada
Dou sorrisos, sou corrupta
Malandra, fofoqueira
Moralista, interesseira
E dói, dói, dói me expor assim
dói, dói, dói, despir-se assim.
Mas se eu não tiver coragem
Pra enfrentar os meus defeitos
De que forma, de que jeito,
Eu vou me curar de mim?
Se é que essa cura há de existir
Não sei. Só sei que a busco em mim
Só sei que a busco


A princípio, essas palavras não soam natalinas e não remetem à alegria da Celebração do nascimento de Jesus. Mas, sabendo quem é Jesus e um pouco de quem sou eu, elas passam a fazer sentido, porque me coloco diante d'Ele, permito que a sua Luz ilumine o meu interior para que eu saiba quem eu quero ser, para que a Verdade nasça no meu coração e irradie para fora de mim, não para que eu seja reconhecida, mas para que Ele seja conhecido. Esta jamais será uma tarefa fácil, confortável e cheia de alegrias, mas é o que me levará além.

Um super Feliz Natal a todos!

Link para escutar a música: https://www.youtube.com/watch?v=OCdh6BYIPUk

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

"Será que é tempo que lhe falta pra perceber? Será que temos esse tempo pra perder? E quem quer saber? A vida é tão rara, tão rara" (Lenine/Dudu Falcão)Há alguns dias fazia uma leve caminhada num parque ecológico próximo à minha casa, lugar que gosto demais e de onde guardo boas e belas lembranças. Enquanto caminhava sozinha e escutava música no modo aleatório, começou a tocar a tão conhecida "Paciência", de Lenine e Dudu Falcão. Nesse momento fiz uma breve reflexão sobre aquela letra, tão poética e profunda. Parei um instante pra tirar esta foto ao lado. Pensei no quanto aquela pausa era significativa para mim, para a minha necessidade de contato íntimo e solitário com a minha alma, com a minha essência. Senti alegria verdadeira, por poder contemplar a natureza, por estar viva e desfrutar daquela simplicidade com felicidade, por poder pausar uma vida agitada, cheia de prazos, angústias, inquietações, preocupações... estava plena por simplesmente poder VIVER aquele momento. Segui o meu percurso até o fim com o mesmo sentimento, a gratidão por poder desfrutar e fazer frutificar o meu contato comigo mesma. Uma hora de pausa, de descanso pra mente e pro corpo tenso e travado pelo peso de viver em tempos tão sombrios, tão carentes de amor, de afeto, de respeito, de tolerância. Uma hora de amor por mim mesma cujo preço não se paga. Viver é gratuito. Ser feliz, também.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Todo dia é um (re) começo. Isso soa clichê, mas faz todo sentindo pra mim hoje. Há mais de nove anos eu estreava esse blog com o título "Tudo novo de novo". Fiz uma pequena postagem porque já sabia do meu gosto pela escrita e da vontade de extravasar meus turbilhões de pensamentos e reflexões escrevendo. Algumas pessoas leram, gostaram, comentaram e eu deixei de lado. Não sei se por preguiça, desânimo ou medo de que os outros lessem o que eu escrevia e fizessem críticas severas demais ou simplesmente banalizassem o meu conteúdo. Era insegurança. Passei anos ensaiando pensamentos e escritas somente para mim, deixei passar muita coisa sem registrar, muitas vezes por falta de tempo. A verdade é que ontem, em 19 de novembro de 2017, domingo, eu trabalhava aplicando uma prova e no tempo ocioso em que eu era literalmente obrigada a fazer nada, voltei a refletir sobre os sonhos das pessoas e, claro, sobre os meus. Os meus pensamentos são muito velozes e enquanto eles aconteciam naquela tarde, me dei conta do quanto é importante pra mim escrevê-los e do quanto eu N-E-C-E-S-S-I-T-A-V-A retomar essa prática e, por que não, compartilhar com as pessoas?
Comecei então o dia de hoje com vontade de começar de novo ou, simplesmente, (re) começar. Resolvi, então, mudar o título do blog mas, manter o sentido.  Afinal, (re) começar é ver e fazer tudo novo de novo. O recomeço pra mim hoje tem um sentido mais amplo e mais profundo do que voltar a escrever. Escrever significa uma atitude de recomeço, de nova visão, de percepção mais profunda de mim mesma, da minha vida, da realidade, das pessoas que estão ao meu redor.
O conteúdo das minhas reflexões e dos meus registros é sempre o cotidiano, uma música, um fato, qualquer coisa que me faça sair de mim mesma para ir ao encontro do outro ou para o encontro de mim mesma, fora de mim. Vou falar de tudo, mas principalmente de VIDA, em (quase) todos os seus aspectos. Gosto demais de usar a música para me expressar, faço delas o meu ponto de partida pra viajar na imaginação e pausar o cotidiano esmagador e exigente do qual me vejo e me sinto parte esmagada e esmagadora.
Pois bem, esse é o meu (re)começo. Agora! Hoje! Que viva hoje!
Maiara

quinta-feira, 15 de maio de 2008

QUE VIVA HOJE


... sem nenhum acontecimento me provocando, sem nenhuma expectativa de tarde, esta tarde, eu, aplicando-me na caligrafia como uma criança de escola, eu, também uma das freiras que costuram, em labor de abelha bordo a fio de ouro: Viva Hoje.

Clarice Lispector.